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terça-feira, 15 de junho de 2010

Sobre música ilustrada

Em uma das disciplinas que fizemos juntos, a de ilustração, fomos convidados a ilustrar a música "construção" - letra e melodia do mago mpbístico carioca Chico Buarque.

A imagem criada deveria se valer apenas dos recursos de foto-edição e sua intenção primordial era representar a canção em pixels, em precisos 250 pixels. Como parte complementar da tarefa deveríamos enviar uma breve justificativa capaz de convencer o ex-futuro-arquiteto a utilizar aquela imagem como capa do seu disco de 1971.

O exercício foi bastante divertido, e os resultados você pode conferir na sequência. Agora, se o Chico iria comprar ou não nossas imagens, só pagando pra ver...

A imagem de fundo representa o labor do sujeito referenciado pela canção, pai de família, que trabalha como uma máquina, sem questionar as atribuições que lhe são impostas.

(“Tijolo com tijolo num desenho mágico”)

Os splashs vermelhos representam o seu sangue, pois morreu, e também podem ser vistos como manchas de tinta, presentes em uma construção.

(“E tropeçou no céu como se fosse um bêbado / E flutuou no ar como se fosse um pássaro / E se acabou no chão feito um pacote flácido”)

A placa foi colocada de forma a indicar sua morte, ao invés de sua indicação comum, que mostra homens trabalhando.

(“E se acabou no chão feito um pacote bêbado”)


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A foto em destaque deveria ser utilizada como capa do álbum por utilizar elementos que valorizam e destacam o conteúdo da música principal “Construção”.

A escolha de uma imagem em preto em branco foi feita com intenção de enfatizar a idéia de tempo passado, caracterizado pelo período de infância do personagem principal da música.

A simplicidade da imagem, exibindo poucos detalhes, foi utilizada para simbolizar a situação econômica do personagem retratada na letra.

A foto de uma criança foi utilizada no intuito de fazer uma analogia com a vida cotidiana do personagem:* A submissão de uma criança ao adulto é semelhante à sujeição do personagem, que como a letra sugere, trabalha sem questionar o que faz, apenas está condicionado ao seu trabalho, presente no verso: “Subiu a construção como se fosse máquina”;

* O determinismo do personagem a atuar naquela função se mostra presente através da comparação entre a brincadeira com pá e balde e a sombra do pedreiro assentando tijolo, o que vem realmente a ser demonstrado na letra sobre a profissão do personagem;

* Na letra, o andar atrapalhado pela bebida, que causou o acidente pode ser comparado ao andar da criança que ainda não tem firmeza para caminhar.


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Chico Buarque retrata em sua música a rotina do trabalhador que precisa se multiplicar para conseguir dar conta de todos os seus a fazeres e compromissos sociais. A família e o trabalho, dia-a-dia, um igual ao outro e cada vez mais massacrante. Um processo hipnótico e interminável de funções e ações a serem cupridas onde o sujeito operário, como tantos que existem pelas construções da vida, trabalha, e come, e dorme, e anda, e ama, e constrói, e ergue, e vai, e volta… até um dia não mais voltar… será que alcançou o céu?


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A música tem início descrevendo a rotina exaustiva de um trabalhador, que dia após dia trabalha criando e recriando o mundo sem ser notado nem valorizado, encontrando ainda motivos pra sorrir.Por fim, tudo que construiu na vida vai sendo deixado para trás, enquanto este mesmo trabalho através do qual se ergueu, também o esmaga.

Na imagem, apropriei-me do tema construção civil onde ao fundo utilizei a sombra de uma construção inacabada vista de longe, como forma de representar tudo de bom que o personagem em questão deixou para trás. A máquina escavadeira é a representação do desgaste do trabalhador com seu trabalho e o modo como o homem se defende com a espátula representa a idéia de que mesmo nas piores circunstâncias é deste trabalho que tira forças para se proteger. Os tijolos quebrados próximos aos pés do homem, objeto sólido, porém frágil, ilustram a idéia do esforço perdido e de que no fim da vida a matéria se torna pó.

A iluminação da imagem foi pensada de modo a fazer parecer que a luz da cena vem do homem como forma de ilustrar a ideia de que tudo a sua volta existe por causa do homem e foi por ele criado.


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Usando fragmentos da música “Construção” de Chico Buarque, a ilustração tem como tema a representação de acontecimentos do cotidiano de um brasileiro de baixa renda, assim como acontece com a maioria da população. Muitas das vezes esses são ignorados, e passam desapercebidos pela a maioria das pessoas. Assim, nem mesmo uma tragédia é capaz de “valorizar” esse indivíduo “morrer na contramão atrapalhando o tráfego”.

Partindo disso, o uso de sobreposição de imagens serve para recriar o ambiente dos sucessivos acontecimentos do texto, seguido de cores como cinza, preto, branco e vermelho que potencializam esse ambiente.

As cores “sem vida” (branco, preto e cinza) representam o fato dramático, “Amou... como se fosse a última”, remetendo a lembrança de fotografias em preto e branco amareladas com o tempo, o resta é apenas memória.

O vermelho conjugado com a imagem de um corpo lânguido estirado ao chão vivencia a realidade de uma tragédia urbana, onde o vermelho representa a última gota de vida.


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A letra da música construção, de Chico Buarque, utilizada como base para esse exercício, traz a visão desiludida de um trabalhador frente a sua realidade. A ilustração busca retratar esse trabalhador que carrega responsabilidades, que trabalha exaustivamente sem ter uma perspectiva melhor para sua vida e que ao mesmo tempo está preso à rotina pelos compromissos em meio ao ritmo “confuso” e “acelerado” da cidade.



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Essa ilustração da música pretende retratar um sujeito sufocado por um sistema ao qual tem que se render sem muita escolha (preso à uma rotina), ressaltando o enfoque que o autor dá no sujeito: esse personagem, normalmente tratado com indiferença por esse sistema, é um indivíduo que possui sentimentos e que sofre com sua realidade e sua condição de vida.

Ele se vê sem saída frente a tudo isso, ou talvez com uma única saída. Tentei “traduzir” a confusão, o sufocamento, os pensamentos e ações que permeiam a vida do personagem.


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Na vida existem diversas estradas pelas quais devemos passar. Entre uma e outra, precisamos decidir por onde seguir. Essas escolhas vão construindo e reconstruindo, a todo momento, a realidade que viveremos. È necessário existir um equilíbrio entre a realidade em que estamos e aquela que gostaríamos de estar, entre o mundo real e o dos sonhos. Portanto, saber conduzir nossos sentimentos é fundamental para a escolha de nossos próximos destinos.
Por Maria Cecília Barbosa

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Usei tons em preto e branco pra expressar o ambiente carregado, o mesmo pé simbolizando os passos iguais caminhando em situações diversas tentando expressar esse paradigma. Mostrar a sequência da letra no trajeto das imagens, ou dos passos, e no final indo com a mudança de rítimo na música. Apesar da música ser de várias imagens e momentos procurei demonstrar a simples construção da caminhada.


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